Entrada em Covas do Monte cerca
das três horas, o Sol queimava, e eles começaram a atravessar a aldeia devagar,
caminham um a um espaçadamente, detêm-se a observar e a fotografar o mais
ínfimo pormenor, o encaixe perfeito das placas de xisto nos telhados, a
estrutura de uma janela, a simplicidade de uma ponte de madeira. Como
peregrinos acabados de chegar ao seu destino, não tinham pressa e queriam
apreciar exaustivamente tudo quanto os seus olhos captavam. Cabras, muitas cabras,
ao longo das paredes, para se abrigarem do Sol. A certa altura havia um muro
muito comprido à sombra do qual descansavam dezenas de cabras tranquilamente
alinhadas. Uma imagem deveras insólita e inesperada a merecer muitas
fotografias. Não longe dali a pastora vagueava com alguns animais, pois a maior
parte já se refugiara nos abrigos. Tudo parecia tão irreal. O som das palavras
é abafado, os gestos lentos, o ar pesa, a claridade atordoa. Mas para além de
tudo isto ou por isso mesmo, sente-se em harmonia com a natureza e o espírito
do lugar. E principalmente com ela própria. Um sentimento de mansidão e de
profundo bem-estar predispunha à manifestação de comportamentos espontâneos e
alegres.
A aldeia tem poucos habitantes, são muitos os
sinais de abandono, no entanto viram algumas pessoas, talvez se encontrassem de
visita a familiares ou a passar férias na terra, numa zona que deve funcionar
como centro da aldeia, à volta de uma fonte e não longe do inesperado restaurante
já referido.
Na fonte, eles aproveitaram para
se refrescarem, beber água, molhar braços, rosto e cabelos, repetindo gestos idênticos
aos dos seus antepassados. O mundo real continuava muito longe dos seus
pensamentos.
Em seguida entraram no
restaurante que, como foi dito, está instalado na antiga escola primária, atravessaram
a sala de jantar decorada com gosto, num estilo regional sóbrio e dirigiram-se
para a zona do café/bar, um espaço que corresponde ao que era dantes o telheiro
no recreio da escola, fechado de lado por um vidro, equipado com uma fila de mesas rectangulares de madeira colocadas
paralelamente umas às outras e bancos corridos em vez de cadeiras. Este
mobiliário simples era o mais adequado possível às dimensões e aos traços da
arquitectura original do lugar.
Neste café, onde não faltavam os usuais
refrigerantes e gelados, resolveram beber uma cerveja bem fresquinha. Um prazer
redobrado, sobretudo porque tão improvável numa aldeia tão isolada, talvez uma
maneira de festejar esta aventura com final muito feliz.
HN
http://www.youtube.com/watch?v=hcr3XhXdXfA
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