sábado, 4 de novembro de 2017

Tentando compreender Gordon Matta-Clark


Como é triste…
Este bairro agoniza
Ruas quase desertas
Casas abandonadas
Lixo, muito lixo
Ruas esburacadas e negras.
Pobres habitantes
Empurrados
Para a periferia!
Outros virão
Instalar-se aqui
Nos novíssimos prédios
Em construção.
(Isto valoriza a zona.
E é bom para o turismo!)

Instintivamente
Apanho um pedaço de papel
Miro-o, remiro-o
Amarroto-o com as duas mãos
Aliso-o vagarosamente
Com a tesoura faço uns cortes
Um picotado
E volto a amarrotá-lo
Levo um pedacinho à boca
E mastigo-o
Devagar
A saborear
E eureka, entendi!
Ok, Gordon Matta-Clark,
Tens toda a razão,
Os tempos mudaram,
A arte já não cabe
No aconchego dos museus.
Ficaram célebres
As tuas intervenções
Nas casas abandonadas
Mostrando novas formas de olhar
E agitando as consciências…
Ok, Gordon Matta-Clark,
Mais uma vez concordo contigo.
A arte é frugal
Total
Para ser comida
E vivida
Mortal
Como todos nós.

2 comentários:

  1. Gostei muito deste trecho-poema de quem entendeu e sentiu a exposicao de e sobre Gordon Matta Clark.

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  2. Gostei muito deste trecho-poema de quem entendeu e sentiu a exposicao de e sobre Gordon Matta Clark.

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