Estou num lugar muito elevado e livre, onde o horizonte é praticamente infinito e é muito alto o nível de percepção que julgo ter.
É por isso que me assusta a certeza de que, no momento em que se nasce, se atravessa uma espécie de barreira, onde todo o conhecimento que possuíamos se apaga.
Recomeça-se então do ponto zero, ignoramos absolutamente tudo, porque (ainda) não pertencemos àquele lugar. Chegamos portanto numa situação de fragilidade extrema, de extremo desamparo, à mercê do desconhecido. Sofremos, por conseguinte, uma queda, uma humilhação sem medida por descer de nível, e aceitamos à força a carência e a dor. O primeiro momento é um grito...
Por mim não desejo entrar nessa aventura louca, prefiro mil vezes permanecer onde estou agora. A vida lá em baixo não é compreensível. Asseguram-me que pode ser muito bela e oferecer grandes compensações, mas não quero acreditar nisso.
Por isso me deixo ficar, apenas olhando, aqui de cima. É essa a minha decisão, a minha escolha está feita.
Mas há um vento que vem não sei de onde e nos empurra, contando-nos segredos inquietantes. Convence-nos de que a solidão e o vazio estão aqui, enquanto lá em baixo há o tempo, a mobilidade e a vertigem. E o prazer da vertigem, de experimentar a vida e conhecer a experimentação.
Aqui tudo está imóvel e adormecido: no lugar do tempo há apenas um instante, sempre igual e sem fim.
O vento assegura-nos que o tédio nos invade, que a nossa solidão é sem remédio, que precisamos de estender a mão e de encontrar outra mão que segure a nossa.
E um dia não aguentamos mais e descemos...
Quisemos entrar no mundo inferior e atravessá-lo, numa existência humana. Naturalmente muito breve, mas a brevidade pareceu-nos também um atractivo.
Também a vida de uma borboleta só dura um dia: começa quando o Sol nasce e acaba quando a noite cai. Mas entretanto ela atravessou a existência que lhe estava destinada, cheia até ao limite de experiências novas.
Quando se morre volta-se de novo para aqui, transformado em ar. É dos que voltaram lá de baixo que é feito o vento que aqui sopra e nos canta segredos aos ouvidos...
O vento assegura-nos que o tédio nos invade, que a nossa solidão é sem remédio, que precisamos de estender a mão e de encontrar outra mão que segure a nossa.
E um dia não aguentamos mais e descemos...
Quisemos entrar no mundo inferior e atravessá-lo, numa existência humana. Naturalmente muito breve, mas a brevidade pareceu-nos também um atractivo.
Também a vida de uma borboleta só dura um dia: começa quando o Sol nasce e acaba quando a noite cai. Mas entretanto ela atravessou a existência que lhe estava destinada, cheia até ao limite de experiências novas.
Quando se morre volta-se de novo para aqui, transformado em ar. É dos que voltaram lá de baixo que é feito o vento que aqui sopra e nos canta segredos aos ouvidos...
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