quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Corredor

Era ao sair da infância, eu não sabia

seguir o risco ao meio entre uma porta

e outra vida, repetir os passos à luz 

apagada, aprender a domar a constância

de sofrer e a falta de opção de crescer;


se é desconjunta a formosura apascentada

na cabeça, recusa clemência a curta estatura.

Vem por acréscimo a conquista da casa

quando se domina o vernáculo do lugar


o ar do tempo: manual para se estar a cagar,

luta de classes, pornografia q.b.

e outras prospecções e sortilégios

que só a mim afectam e confrangem.

Corpo indiscorrível, labirinto de alçapões.


Margarida Vale de Gato

Auto-retrato de Aurélia de Sousa (18866-1922)

https://www.youtube.com/watch?v=ZH4rvP4WgZY

Nenhum comentário:

Postar um comentário