Três plátanos, ao lado da casa que, quando a olho, me dá como resposta o nome de "Anna". Anna ensina a ler a Myriam no azulejo inscrito na parede. Subo a rua, ruas, ao lado desta casa que suporta agora a carga pesada da renovação e do ressurgimento. Deparam-se-me, no jardim aberto que três operários revolvem, três árvores em perigo despedindo uma energia luminosa tal que paro para deixar-me atrair e embeber completamente pelo seu esplendor.
Como nesta área grassa um grande terror por entre as árvores que inesperadamente se vêem marcadas, retiradas do rio dos seres vivos, e abatidas, decido-me a avançar, a descoberto, para a resposta à pergunta que me persegue.
- Será que pensam abater algum destes plátanos? - pergunto a um homem que, afavelmente, me diz que "Sim", que pensam, para alargar uma abertura para o terreno seguinte. Os três plátanos são altos. Os ramos em forma de cone invertido, ou de vértice voltado para cima, têm uma dureza resplandecente sob o meu olhar.
O luar libidinal está aqui, soou essa voz dentro de mim mesma, em tom de escrita, em tom descritivo.
A casa prolongava-se na ausência de casa, no jardim. Fora habitada no princípio do século, e a energia culminante da sua vida brilhava e rebrilhava agora entre os plátanos que imediatamente me pareceram textos que iam abater. "Nós estamos ligados uns aos outros pelas árvores", dissera-me um dia um vagabundo de ____que não tinha nada para dizer.
Maria Gabriela Llansol
Pintura de Munch
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