Quando eu era menina,
fazíamos na
escola uma experiência
com dois
ímanes
e uma folha
de papel
Era uma
dança estranha
e
fascinante,
a do íman
pousado no papel
obedecendo
ao outro, o encoberto,
um hércules
de força
misteriosa
Durante
muito tempo
acreditei
que o
magnetismo era uma coisa
de homens
sábios, aquele papagaio
de Benjamin
Franklin ficou-me na memória:
o papagaio
voando,
e de entre
as nuvens, o relâmpago
e a promessa
de aprisionar a luz
Eu não sabia
então que só há poucos anos
pôde a
primeira mulher
usar um
telescópio de excelência,
provar a
existência da matéria negra
na beleza do
movimento angular
das galáxias
O interior
da História
repelido por
séculos,
o corpo em
negativo de tantas antes dela:
um grão de
areia
de encontro
ao negativo do deserto
– durante
tantos séculos
E contudo,
moveram-se,
uma dança de
carga positiva voando
no papel,
como invisível é a maior parte
da matéria,
mas existe
(Está mais
do que
provado)
Ana Luísa Amaral
Nenhum comentário:
Postar um comentário