O poeta e escritor José Gomes Ferreira desempenhou o cargo de cônsul de Portugal na cidade de Kristiansund, na Noruega, entre 1926 e 1929. Neste país, onde se vivia em democracia desde 1905, a sociedade encontrava-se social e culturalmente muito avançada. José Gomes Ferreira integrou-se bem e fez amigos.
Infelizmente, durante a II Guerra Mundial, a invasão da Noruega pelas tropas nazis provocaria uma enorme devastação a todos os níveis.
No pós guerra, o lucro obtido com a exploração do petróleo permitiu à Noruega recuperar rapidamente investindo nas pessoas e no desenvolvimento do país. A qualidade de vida dos noruegueses é considerada excelente.
No entanto, conscientes de que o mundo está a mudar, começaram a explorar novos recursos e a tomar as medidas necessárias para continuarem a olhar com confiança para futuro.
RESUMINDO
(...) lancei-me à vida com a sofreguidão de quem ia morrer amanhã. Percorri mundo, esbanjei desejos, cuspo no mar do Norte, lobriguei paisagens lunares inverosímeis que, de súbito, se despenhavam nas falésias a pino, por onde pendiam fios de gelo longos que, mais abaixo, acordavam em correntes de água viva a caírem em cachão no mar azul-violeta dos fiordes...
Viajei de trenó, ouvi línguas estranhas, carimbei montes de documentos, odiei, amei, sofri e, por fim, já farto da mesma lua em vários céus, regressei de novo à pátria e a este andarmos todos para aqui a dizer que tudo é uma chatice (e é verdade!).
José Gomes Ferreira
PAISAGENS
Cruzeiro pelo Fiorde dos Sonhos
De novo em terra
Passeio de comboio- o Flamsbana
A caminho do glaciar Briksdal, no Parque Nacional de Jotedalsbreen
Jon Foss (1959) recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 2023.
No seu romance "Casa de Barcos" a personagem e narrador principal é um jovem adulto, bastante solitário, que mora com a mãe, à beira de um fiorde. Segundo conta, resolveu escrever para manter afastada a sua inquietação, com origem nos acontecimentos que relata, de forma algo desordenada e repetitiva.
Um dia, Knut, o seu maior amigo de infância do qual, desde que partira há dez anos atrás, nunca tivera notícias, decide vir passar as férias de Verão, à sua terra natal com a família. Quando se dá o reencontro entre os dois, ambos se sentem bastante embaraçados, mas Knut, que entretanto casara, apresenta-lhe a mulher. O olhar dela impressiona-o desde o primeiro momento. A partir daí, uma série de "coincidências" activam recordações e ressentimentos e apodera-se dele um estado de crescente e insuportável inquietação. Pressente-se que algo de trágico está para acontecer.
É por isso que, na esperança de conseguir afastar a sua inquietação, passa os dias no quarto, no sótão, sentado a escrever.
Deixou totalmente de sair de casa.
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