sábado, 12 de fevereiro de 2011

Foguete de lágrimas


Poesia é carne e é flores,
é suor cristalizado,
trepidação de motores
num céu diurno e estrelado.

É canção de altifalante
no largo da feira-franca,
perfume de saia branca,
copo de vinho estuante.

É corpo e é coisa mental,
nebulosa primitiva,
espasmo de matéria viva,
ressonância universal.

É cozimento de olhares,
de sons, de cheiros, sabores,
onde corre, em capilares,
sangue de todas as cores.

No poço da morte impura
goteja a humana agonia.
Da angustiosa aventura
tudo que fica é poesia.

António Gedeão
http://www.youtube.com/watch?v=_ySQMv1_NSs

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