segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Outono
Nas folhas que tombam para sempre
há uma euforia que exulta de castanho.
Vêem-se no céu árvores ao contrário
com as raízes cravadas nas estrelas, e os barcos
oscilam num mar mais fundo que o costume.
Que peso é este, que no outono
enterra as coisas terra adentro,
e existe nas feridas abertas pelo ar?
Que cores conseguem perturbar a casa,
murmurando escuro nas janelas?Quem
nos expulsa da terra prometida?
Que morte se entranha na madeira
das árvores do jardim? Que vento
ilude a rua moribunda?
A luz é indecisa como um fruto
que em breve irá morrer, e ilumina
perguntas sem resposta.
A terra acorda para adormecer mais fundo,
e o dia dança com a morte
no halo ruivo do mundo.
Isabel Cristina Pires
http://www.youtube.com/watch?v=6zkmjyyzB28
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário