Revejo por fim o interior
e dá-me vontade de cantar o lado oblíquo das coisas.
Canto mesa cadeira chão
janela prateleira prato.
Canto o fumo da lareira
acendo-me e fico suspensa sobre o mar
canto pássaro rocha concha
areia espelho que me rouba de mim.
Canto garrafas vazias ruínas
gestos íntimos de panelas e tachos
olhares líquidos vestidos trapos
que vestem o vértice do quarto
que é uma sala com cozinha a um canto.
Em que parte da casa começará a noite?
Maria José Castro
http://www.youtube.com/watch?v=KJxjAe32GH0
http://www.youtube.com/watch?v=KJxjAe32GH0
Em que parte da casa começará a noite? Não sei! Mas sei, em que parte de nós, ontem, começou a noite... foi a despedida, já sem sol no horizonte, apenas o voo apressado das gaivotas, numa dança de afetos, como que a despedirem-se e a desejarem-nos um "até breve"!
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