domingo, 17 de fevereiro de 2013

Memórias


Revejo por fim o interior
e dá-me vontade de cantar o lado oblíquo das coisas.
Canto mesa cadeira chão
janela prateleira prato.
Canto o fumo da lareira
acendo-me e fico suspensa sobre o mar
canto pássaro rocha concha
areia espelho que me rouba de mim.
Canto garrafas vazias ruínas
gestos íntimos de panelas e tachos
olhares líquidos vestidos trapos
que vestem o vértice do quarto
que é uma sala com cozinha a um canto.

Em que parte da casa começará a noite?


Um comentário:

  1. Em que parte da casa começará a noite? Não sei! Mas sei, em que parte de nós, ontem, começou a noite... foi a despedida, já sem sol no horizonte, apenas o voo apressado das gaivotas, numa dança de afetos, como que a despedirem-se e a desejarem-nos um "até breve"!

    ResponderExcluir