nem o mar da lua
em noite escura feita transparências,
procuramos a alegria dos cristais
que brilham eternos pelas noites
a frescura dum clarim de luz
um cântico submerso de palavras sempre novas
caídas sobre a terra
entre o veio deslumbrado das nossas mãos.
Somos um turbilhão de vozes
levantadas na planície sem contornos
mas plena de horizontes decepados,
céus de azul em brasa
no breu oculto que acende o culto e o rasto
por onde vamos adivinhando os caminhos
que nunca andámos
como sílabas dum poema
correndo ritmado em minhas veias
desfraldando a vertigem de estar aqui
a respirar o aroma agridoce das flores do silvado
à sombra amiga duma velha alfarrobeira
ou o salitre que vem dos oceanos
numa praia de luz e vento
a dar de frente no nosso rosto.
Vieira Calado
(fotografia de Miguel Claro)
https://www.youtube.com/watch?v=aniUSMYF3BE
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