Podiam deixar-se cair os olhos no contorno
ou mergulhá-los na sombra,
tinha-se sempre a limpidez do nu.
O nu era o canto a face o gesto
o limpo telegrama abstracto
a mensagem
porque o LIXO sabêmo-lo
por repugnante era expurgado.
Suprimido dos objectos dos corpos
dos ambientes dos espíritos
quando se exprimia tirava-se o abjecto.
Só o limpo era o requinte.
Por isso a arte
fazia passar tudo pelo quarto de banho.
A higiene começou assim
nos altos domínios da palavra e do desenho.
O lixo não se usava
escondido tinha um viver secreto.
Foi preciso chegarmos à era da limpeza do cérebro
da medicina e da psico-análise
para descobrir poesia e utilidade
no LIXO.
Salette Tavares
http://www.sabado.pt/video/artes/detalhe/o-artista-que-transforma-lixo-em-arte
Nenhum comentário:
Postar um comentário