O rio dissolve a imagem crepuscular da cidade.
Uma luz lívida - como poalha de neve - veste o casario. A noite, com vagar, esconde Lisboa. A velocidade das tarefas quotidianas parou.
A cidade parece iluminar-se a partir do seu interior mais secreto, onde lateja um coração muito antigo.
Lisboa transforma-se, assim, no lugar privilegiado para a invenção da escrita. Nesse lugar me movimento e me encontro, e nele me perco em travessias, seduções, esquecimentos.
Não há tempo. O tempo do mundo parou às portas da noite de Lisboa.
Vivo em Lisboa como se vivesse no fim do mundo, ou num lugar que reunisse vestígios de toda a Europa. A cada esquina encontro reminiscências doutras cidades, doutros encontros, doutras viagens.
Aqui, ainda é possível inventar uma história e vivê-la. Ou ficar assim, parado, a olhar o rio e fingir que o Tempo e a Europa não existem - e Lisboa, se calhar, também não.
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