terça-feira, 13 de agosto de 2019
Mulheres
Desciam da cruz
Como aves de negro.
As asas abertas
Batiam soturnas
Na cinza de névoa
Das sombras noturnas
E ousavam mistérios
De deuses secretos.
Mulheres ou bonecas
Crianças ou velhas.
No barro das telhas
A chuva caía.
Caíam as folhas
Doiradas e secas.
Mulheres ou bonecas
Desciam da cruz
Na noite vazia.
Repetem-se os gritos
Represos mil anos.
Ecoam suspiros.
Ninguém sabe o rosto
Aos deuses tiranos;
Formigas, bonecas
De vozes tão roucas
Correndo, sofrendo
Voando, voando.
Baloiçam-se negras
De véus e de Dores,
Nas asas de aviões
Que cortam as cores
Pregadas na cruz
- Infâncias que foram
De fadas e flores.
Natércia Freire
Pintura de Paula Rego
https://issuu.com/camara_municipal_lisboa/docs/natercia_freire_issuu
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário