Comunidade das pequenas salas de cinema, não muita gente, e
a que houver tocada em cheio como o coração tocado por um dedo vibrante,
tocada, a pequena assembleia humana, por um sopro nocturno, uma acção estelar.
Não se vai lá em busca de catarse directa mas de arrebatamento, cegueira,
transe. Vão alguns em busca de beleza, dizem. É uma ciência dos movimentos, a
beleza, ciência de ritmo, ciclo, luz miraculosamente regulada, uma ciência de
espessura e transparência da matéria? De todos os pontos a todos os pontos da
trama luminosa, ao fundo da assembleia sentadamente muda morrendo e
ressuscitando segundo a respiração na noite das salas, a mão instruída nas
coisas mostra, rodando quintuplamente esperta, a volta do mundo, a passagem de
campo a campo, fogo, ar, terra, água, éter (ether), verdade transmutada, forma.
A beleza é a ciência cruel, imponderável, sempre fértil, da magia? Então sim,
então essa energia à solta, e conduzida, é a beleza.
Herberto Helder
https://www.youtube.com/watch?v=qMgTCtSxOHE
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