Que é dos chícharos de flores azuladas que não voltei a ver?
Que é desse meu colchão de palha de milho
das cadeiras a pau na pedra do lar
do cheiro a rosas e a saias novas
na minha aldeia nas férias da páscoa?
Onde estão hoje os cerrados de milho já embandeirado?
Onde a repentina explosão daqueles botões brancos
da macieira recortados nos montes em frente
botões exuberantes como coisas que não tardam a morrer?
(...) Durmo cego no mais secreto mar
creio que ao longe já começa a anoitecer
não estou triste são só horas de jantar
Pintura de Amadeo de Souza Cardoso