Olho, aterrado, a grande mesa posta.
Quem presumiu em mim fome tamanha?
Quem presumiu em mim fome tamanha?
Todo o maná sagrado da montanha
Servido lautamente
A um só conviva!
À luz do sol poente,
Numa quase agressiva
Pressa de comunhão, as penedias
São raras iguarias
Dum banquete irreal
De que sou comensal
Apenas eu...
Como se um pigmeu
Pudesse devorar num breve instante
A refeição eterna dum gigante!
Miguel Torga, 25 de Março de 1961
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