A menos de meia encosta da montanha eleva-se o convento de S. Paulo, virando para o Redondo em meio de uma densa mancha de verdura - vasto olivedo, laranjal farto, sobreiral, eucaliptal, ubérrimas terras de trigo. Era este convento o solar da Congregação dos Monges de Jesus Cristo da Pobre Vida. Só nos princípios do séc. XV foi esta Congregação aprovada por Gregório XII, mas desde remotos tempos devia existir, para que os seus cronistas, piedosamente exagerando, fizessem remontar ao monge Fernão de Anes, ex-cavaleiro de D. Afonso Henriques, a primeira organização do cenóbio, e a tempos muito anteriores (poucos anos depois da morte de Cristo!) a retirada para as grutas da serra dos primeiros convertidos de S. Manços. Diz ainda a tradição que foram aqui martirizados pelos mouros, a 11 de Março de 715, S. Francisco, S. Ascêncio, S. Teodofredo e S. Fiónio.
O actual convento, que fica num dos sítios mais aprazíveis da serra, foi fundado no tempo de D. João I e reconstruído nos finais do séc.XVIII. D. Sebastião, antes da expedição de África, aqui veio fazer as suas devoções. Em 1699 visitou o mosteiro a Rainha de Inglaterra D. Catarina de Bragança. E foi para aqui também que vieram desterrados, no tempo do Marquês de Pombal, os meninos de Palhavã.
Quase inteiramente salvo da ruína, o convento é hoje uma magnífica vivenda burguesa*. Amplas escadarias de mármore de Estremoz, amplos corredores por onde se desdobra, em azulejos seiscentistas, o filme da lenda judaica ou cristã.
*Actualmente funciona como hotel/museu gerido por uma Fundação criada pelos proprietários, família Leote, com o objectivo de dar a conhecer este património e de continuar a investir na sua restauração.
Hernani Cidade (1887-1975)
https://www.youtube.com/watch?v=v9VCvWshqYo
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