sábado, 15 de janeiro de 2011
Que me quereis, perpétuas saudades?
Que me quereis, perpétuas saudades?
Com que esperança ainda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E, se torna, não tornam as idades.
Razão é já, ó anos, que vos vades,
Porque estes tão ligeiros que mostrais,
Nem todos para um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.
Aquilo a que já quis é tão mudado,
Que quase é outra coisa; porque os dias
Têm o primeiro gosto já danado.
Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
Que do contentamento são espias.
Luís de Camões
http://il.youtube.com/watch?v=0N9m8EyDz3U&feature=related
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