domingo, 11 de dezembro de 2011
O meu afilhado grande
Sou padrinho do meu sobrinho mais velho, o Hugo, que vai fazer 22 anos e é a prova andante e falante de que estou velho.
O meu afilhado grande está na faculdade, namora e conduz, vota, decide cada coisa na sua vida. Claro que, por maior que seja e mais barba o aflija, nós temos dele uma eterna versão pequena no coração, uma versão quase bebé que nos impele para pensarmos que é ainda o nosso menino desprotegido por quem temos de pensar, por quem temos de decidir.
Até certo ponto, ia ser tão bom que pudéssemos ainda mandar nele, para o obrigarmos a vir aos nossos jantares quando quiséssemos, para o obrigarmos a estar sempre presente para cura das nossas mais absolutas saudades, para o vermos sempre crescer, como crescer mais, porque continuamente nos maravilham as crianças da nossa família. E isto sou eu, tio casmurro, a acriançar por defeito o meu afilhado grande, mais alto do que eu, que já está na faculdade, namora e vota e decide cada coisa na sua vida a autonomizar-se mais e mais da nossa. Oh, destino cruel, porque se autonomizam de nós os nossos meninos.
Tenho muito orgulho no meu afilhado grande. Tenho orgulho que seja também ele um coração amanteigado que guardará algures a impressão dos abraços, aquele sorriso muito entregue, a malandrice das palavras feias dos quatro ou cinco anos. Algures fica esse reduto simples de sensibilidade, que nos enternecia tanto quanto nos fazia rir.
Walter Hugo Mãe
http://www.youtube.com/watch?v=XsgZZ2-D6g8&feature=related
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