domingo, 15 de março de 2015
Pastéis de Belém
Um goivo. O cheiro de um goivo e logo a praça
imperiosa nas suas trajectórias
que se chamam história.
Na pele do Tejo os barcos de desporto
abrem cortes de luz inquietando a vista
e o tempo é um ouro derramado
em brasa viva sobre os monumentos.
Tenho um certo prazer em andar
por verdes geometrias
e sentir um ar que não me corta a garganta
com perguntas.
Quem sou eu, afinal, neste campo aberto
à pompa e circunstância?
Gaivotas, cansadas de metáforas,
pousam nos ombros da mentira
e todo o amor me cai da toalha da espera
para o mais fundo dos fundos
do meu alheamento.
E nada, nada, além do rio
nada além da pedra antiga trabalhada
cúbica moderna
nada a não ser a rotina de um comboio
de um barco ou de uma imensa
imersa multidão
no labirinto.
E as crianças, nos seus patins em linha,
dão voltas sobre voltas e riscam-me a memória
como a um disco velho no Restelo.
Armando Silva Carvalho
https://www.youtube.com/watch?v=PefLdwMzFBs
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