não venha matar um morto.
Quero morrer em pujança.
Quero que todos lamentem
a ceifa de uma esperança
- não sendo eu já bem de mim
nem do meu sonho também,
mas sendo um sonho já deles;
já tão deles que hão-de crer
que o levantaram; tão seu
que, ao secar, lhes vai doer
e vai deixar
pedaços vivos nas mãos
(cristais quebrados rasgando-as),
saudades vivas no olhar.
Quero morrer com os dedos
a quatro dedos do Céu,
pra que depois pensem que eu
só por morrer não cheguei;
só não cheguei por traição
(pra que não saibam que a Morte
foi a minha salvação).
Sebastião da Gama
(pintura de José Escada)
http://www.rtp.pt/tarquivo/index.php?article=1760&tm=23&visual=4
Nenhum comentário:
Postar um comentário