No âmbito da Pós-graduação em Dor, que decorreu na Universidade Católica, em Lisboa, foi feito um convite a diversas personalidades ligadas às Artes para orientarem uma aula aberta subordinada ao tema "A Dor na Expressão Artística".
Nuno Júdice e António Lobo Antunes falaram sobre a Dor na Arte da Escrita. O primeiro defendeu a opinião de que a dor é essencialmente uma criação literária, pelo que começou a sua intervenção com o poema de Fernando Pessoa "Autopsicografia": "O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que realmente sente..." Deu ainda exemplos de poemas de outros autores que falam da dor e que, no seu entender, confirmam a sua interpretação.
António Lobo Antunes pensa de forma diferente e deu bastante ênfase ao papel da associação dor-morte, na Arte da Escrita, ao longo dos tempos. Com palavras simples, num tom bastante coloquial, conversou sobre o tema, aludindo, por vezes, à sua experiência de vida e dizendo, com a maior naturalidade, textos e poemas de outros autores.
António Lobo Antunes pensa de forma diferente e deu bastante ênfase ao papel da associação dor-morte, na Arte da Escrita, ao longo dos tempos. Com palavras simples, num tom bastante coloquial, conversou sobre o tema, aludindo, por vezes, à sua experiência de vida e dizendo, com a maior naturalidade, textos e poemas de outros autores.
Soneto de Bocage, um dos poetas citados por Lobo Antunes:
Apenas vi do dia a luz brilhante
Lá de Túbal no empório celebrado,
Em sanguíneo carácter foi marcado
Pelos Destinos meu primeiro instante.
Aos dois lustros a morte devorante
Me roubou, terna mãe, teu doce agrado;
Segui Marte depois, e enfim meu fado,
Dos irmãos e do pai me pôs distante.
Vagando a curva terra, o mar profundo,
Longe da Pátria, longe da ventura,
Minhas faces com lágrimas inundo.
E enquanto insana multidão procura
Essas quimeras, esses bens do mundo,
Suspiro pela paz da sepultura.
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