No Teatro Aberto encontram-se duas peças de Florian Zeller, "A mentira" e "A verdade", que colocam em cena dois casais amigos em crise. Na peça "A mentira", o marido louva as vantagens da mentira em determinadas situações, enquanto a sua companheira defende, com intransigência, e acima de tudo, a verdade. Entretanto, sempre num tom de comédia, as máscaras vão caindo, e é desvendado o motivo de assumirem posições diferentes: os seus interesses pessoais.
VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
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