domingo, 8 de dezembro de 2019

Entre flores e obras de arte









A terceira duquesa de Palmela, de seu nome completo Maria Luísa Domingues Eugénia Ana Filomena Josefa Antónia Francisca Xavier Sales de Borja de Assis Paula de Sousa Holstein Beck, era também terceira marquesa do Faial e terceira condessa do Calhariz e de Sanfrè.
A duquesa acompanhou as obras de restauro que promoveu no palácio, construído nos finais do século XVIII, que foi também redecorado com novas e valiosas peças que o casal Palmela adquiria em Portugal e no estrangeiro, onde muitas vezes passavam férias. O próprio avô Pedro tinha feito restauros e ampliações no palácio, para onde fora viver, depois de se reformar da política que tantas glórias e amarguras lhe causara. Restara-lhe a alegria de coleccionar obras de arte e transmitir à neta esse amor pelo Belo.
Sabe-se que a duquesa tinha um especial carinho pelas árvores e flores e que aprendeu mesmo horticultura para poder explicar aos jardineiros como tratar e cuidar das flores conforme as estações do ano. O palácio tinha sempre nas jarras flores frescas do seu jardim.
No lindíssimo estúdio que a duquesa mandou construir nas traseiras do palácio, entre flores e árvores, passava longas horas dedicada à escultura. Se bem que os motivos religiosos fossem uma das suas fontes de inspiração, muitos outros temas a encantaram, e também se dedicou a moldar e esculpir bustos de figuras conhecidas ou notáveis da sociedade do seu tempo. Artista, era amiga dos artistas auxiliando-os não apenas com o seu dinheiro mas também com o seu afecto, a sua solidariedade amiga, a aura que lhes criava. A ela se deve que Maria Amália tenha escrito uma das suas obras mais notáveis "A Vida do Duque de Palmela”. A duquesa, mais tarde, legaria a Maria Amália Vaz de Carvalho uma casa em Cascais e uma quantia em forma de pensão.
O casal Palmela, bem ao estilo da sociedade do seu tempo, fazia uma intensa vida social, sendo o Palácio do Rato local de encontros culturais, bailes e jantares de convívio com grandes nomes da cena internacional: de realçar as faustosas festas de Carnaval, que já vinham do tempo do avô Pedro, especialmente naquele ano de 1885,que contou com uma orquestra de ciganos do príncipe Esterhazy e também aquele memorável jantar onde se homenageou a actriz famosa Sarah Bernhardt, corria o mês de Novembro de 1895.

Maria Luísa V. Paiva Boléo (texto com supressões)
https://www.youtube.com/watch?v=QzLVmVXVjyU


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