Moro numa alta, numa velha Torre,
Cheia de sonho e de legenda, até!
Pelos seus muros verde suor escorre,
Porque, há mil anos, que ela está de pé!
Olhai o Sol que entre salgueiros morre,
E a velha Coimbra, enoitecendo, vê!
Aqui, sozinho, moro nesta Torre,
Com o meu cão e o velho e leal Joseph.
Sobe ao terraço: aqui, "fora de portas",
Perto das nuvens, nas regiões serenas,
Moram as minhas esperanças mortas:
Vê-as ao canto... Pobres andorinhas!
Nas asas têm já tão poucas penas,
Que parecem um bando de velhinhas...
Coimbra, 1889
Para as raparigas de Coimbra
Minha capa
vos acoite,
Que é pra vos agasalhar:
Se por fora é cor da noite,
Por dentro é cor do luar...
Que é pra vos agasalhar:
Se por fora é cor da noite,
Por dentro é cor do luar...
Vou encher a
bilha e trago-a
Vazia como a levei!
Mondego, que é da tua água?
Que é dos prantos que chorei?
Vazia como a levei!
Mondego, que é da tua água?
Que é dos prantos que chorei?
Ó quem me dera
abraçar-te,
Contra o peito assim, assim,
Contra o peito assim, assim,
Levar-me a
morte e levar-te
Toda abraçadinha a mim.
A cabra da
velha Torre,
Meu amor, chama por mim;
Quando um estudante morre,
Os sinos chamam, assim.
Ó sinos de
Santa Clara,
Por quem dobrais, quem morreu?
Ah, foi-se a mais linda cara
Que houve debaixo do Céu!
Toda abraçadinha a mim.
Meu amor, chama por mim;
Quando um estudante morre,
Os sinos chamam, assim.
Por quem dobrais, quem morreu?
Ah, foi-se a mais linda cara
Que houve debaixo do Céu!
Coimbra, 1890
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