sábado, 1 de julho de 2023

O Jovem Mwando



De repente abriu os olhos para o mundo. Foi então que se apercebeu de que a floresta estava viva, os pássaros alegres, os ventos e as borboletas voavam felizes para o horizonte, ele é que olhava para o mundo com olhos fechados, olhos de morto, e todos os seres continuavam na dança da vida. Compreendeu finalmente que a vida é a dor e a alegria, a vitória e a derrota, a ofensa e o perdão, o amor, o ódio, e todos os contrários. O que seria a terra sem a presença humana? Se as mulheres morressem, quem daria luz à luz do sol? Que seria a vida sem os pássaros, árvores e flores? O universo não teria sentido, não existiria.
Revoltou-se contra as suas próprias atitudes. Homem que é homem deve saber resistir às vicissitudes da vida, pois todos os seres vivos têm as suas amarguras. As árvores sofrem da chacina dos homens, mas nunca deixaram de viver. As ervas sofrem do pisoteio desordenado de todos os bichos da selva, mas nunca se queixaram. Os animais mais fracos são o pasto dos mais fortes, mas nunca deixaram de se multiplicar. Os pássaros são aprisionados sem razão e até os montes sofrem das violentas bofetadas do vento.

Paulina Chiziane


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