Pulsemos a lira, que além se levanta
Padrão de vitória que imenso reluz!
Um templo e altares à Mãe sacrossanta;
Um templo, um poema que altivo descanta
Grandezas da pátria nos átrios da cruz (...)
Soares dos Passos
domingo, 3 de abril de 2022
Real Mosteiro da Batalha
Nun'Álvares Pereira
É a espada que, volteando,
sábado, 2 de abril de 2022
Batalha de Aljubarrota
Quando, vindos da Batalha por Alcobaça, na estrada do Porto a Lisboa, chegamos a 500 metros da capelinha de S. Jorge, acabamos de entrar no terreno em que evoluíram as forças portuguesas e tomaram as posições finais sobre que suportaram o embate castelhano.
quarta-feira, 23 de março de 2022
85 meses e 29 dias
Desconheço a constelação onde estás.
Estás à esquerda,
junto ao cenário azul, sem nuvens.
Ardem fogueiras de incenso e sândalo, além.
Rodeiam-te infinitas lâmpadas suaves,
com filamentos de ouro, mercúrio e cristais.
Há um violino, apenas um,
que o músico cego toca, num teatro de pó,
de onde não se vê o mar.
É uma música alta, como se chamasse por ti.
José Agostinho Baptista
https://www.youtube.com/watch?v=o_T7irLRaQI
sábado, 19 de março de 2022
Portugal
Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse
oitocentos.
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de África
só porque não podia combater a doença que lhe atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse.
Quase chego a pensar que é tudo mentira, que o Infante D. Henrique foi uma
invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente.
Portugal
Ontem estive a jogar poker com o velho do Restelo. Anda na consulta externa do Júlio de Matos. Deram-lhe uns eletro-choques e está a recuperar à parte o facto de agora me tentar convencer que nos espera um futuro de rosas.
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado.
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar uma pétala que fosse das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador.
Portugal
Juro que era capaz de fazer isso só para te ver sorrir Portugal.
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os pastéis de Tentúgal
e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade.
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete, Salazar estava no poder, nada de
ressentimentos
o meu irmão esteve na guerra, tenho amigos que emigraram, nada de ressentimentos
um dia bebi vinagre, nada de ressentimentos.
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os Lusíadas a nado na piscina
municipal de Braga
ia agora propor-te um projecto eminentemente nacional
Que fossemos todos a Ceuta à procura do olho que Camões lá deixou Portuga.l
Sabes de que cor são os meus olhos? São castanhos como os da minha mãe. Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente na boca
Jorge Sousa Braga
Pintura de Julio Pomar
https://www.youtube.com/watch?v=Bdjev1tehrc
quinta-feira, 10 de março de 2022
A casa
Agora que está longe, vem ao meu encontro.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
Ah quantas máscaras...
Ah quantas máscaras e submáscaras,
Usamos nós no rosto de alma, e quando,
Por jogo apenas, ela tira a máscara,
Sabe que a última tirou enfim?
De máscaras não sabe a vera máscara,
E lá de dentro fita mascarada.
Que consciência seja que se afirme,
O aceite uso de afirmar-se a ensona.
Como criança que ante o espelho teme,
As nossas almas, crianças, distraídas,
Julgam ver outras nas caretas vistas
E um mundo inteiro na esquecida causa;
E, quando um pensamento desmascara,
Desmascarar não vai desmascarado.
Fernando Pessoa (tradução de Jorge de Sena)