segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Ah quantas máscaras...


Ah quantas máscaras e submáscaras,

Usamos nós no rosto de alma, e quando,

Por jogo apenas, ela tira a máscara,

Sabe que a última tirou enfim?


De máscaras não sabe a vera máscara,


E lá de dentro fita mascarada.


Que consciência seja que se afirme,


O aceite uso de afirmar-se a ensona.


Como criança que ante o espelho teme,


As nossas almas, crianças, distraídas,


Julgam ver outras nas caretas vistas


E um mundo inteiro na esquecida causa;


E, quando um pensamento desmascara,


Desmascarar não vai desmascarado.



Fernando Pessoa (tradução de Jorge de Sena)

https://www.youtube.com/watch?v=L65YSMtEPWU

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