terça-feira, 19 de outubro de 2010

Amesterdão


O voo chegou com um atraso de duas horas ao Aeroporto de Schiphol. Clive apanhou o comboio para a estação central e daí partiu a pé para o hotel à luz de um cinzento-suave da tarde. Enquanto ia a atravessar a ponte recordou-se de novo de como Amesterdão era uma cidade calma e civilizada. Fez um grande desvio para oeste a fim de passear ao longo da Brouwersgracht. Afinal, a sua mala estava muito leve. Como era reconfortante ter um curso de água no meio da rua. Que lugar tolerante, aberto, adulto: os belos armazéns de tijolo e de madeira trabalhada convertidos em apartamentos de bom gosto, as modestas pontes Van Gogh, o discreto mobiliário de rua, os holandeses de ar inteligente e interessante nas suas bicicletas com os filhos de aspecto calmo sentados atrás. Até os comerciantes pareciam professores e os varredores de rua faziam lembrar músicos de jazz. Não havia cidade com um ordenamento mais racional.

Ian McEwan
 http://www.youtube.com/watch?v=n2kkr0e_dTQ&feature=related

Um comentário:

  1. Imponente Jacques Brel com a sua "Dans le Port d'Amsterdam", até arrepia.
    Ligação mais que perfeita a este excerto do McEwan.
    Beijo
    Hilda

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