domingo, 14 de agosto de 2011

Zorba


Eh, Zorba, ó grego!
Viste estrelas escarlates na valeta, rubis
cercados de azul e de amarelo. Não sei como consegues.
Cheiraste o fumo dos pinheiros e andaste por ali, a esvoaçar
na direcção do vento. E que disseste às cabras
e diabos pretos que andavam em cima das carvalhas?
Ouviste a música do sol e olhaste o céu
para que se diga, foi um milagre,
nada faltava para que a cabeça rebentasse.
Sentiste-te excitado com o canto das cigarras, fazia
calor, tanto, tanto, que o tempo corria deitado pelo chão.
Que sede, ó Zorba! Bebeste na nascente
onde há sapos e melgas e avencas
E então puseste-te a gritar. Foste
a correr pelo caminho abaixo,
abriste a pontapé a porta da cabana
e continuaste a dançar; e depois fizeste amor
e os olhos molharam-se de lágrimas.
E logo a seguir, riste à gargalhada! Eu
bem te ouvi, e nem o barulho do mar
me impediu de ouvir e ter inveja!
Diabo do homem, com asas que não cabem
numa casa, nem ao alto nem atravessado.
A estoirar de contente.

Isabel Cristina Pires
http://www.youtube.com/watch?v=2AzpHvLWFUM

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