domingo, 10 de fevereiro de 2019

"Amigos"


Recomendo vivamente a leitura da crónica desta semana
(7 Fev.2019) de Ricardo Araújo Pereira na  revista "Visão".
O humorista confessa que ainda vive como se estivéssemos
em 2003, ou seja antes do "feicebuque". Por exemplo,
quando um amigo faz anos dá-lhe os parabéns com a boca... 
Além disso só tem uns dez amigos, em vez de 5000.
E às vezes discute com eles, mas não em público,
com desconhecidos a ver e a comentar.
Enfim, o que pensaria disto tudo Camilo Castelo
Branco que há mais de 100 anos escreveu este poema?

 Amigos cento e dez, e talvez mais, 
 Eu já contei. Vaidades que eu sentia! 
Supus que sobre a terra não havia 
Mais ditoso mortal entre os mortais. 

Amigos cento e dez, tão serviçais, 
Tão zelosos das leis da cortesia, 
Que eu, já farto de os ver, me escapulia 
Às suas curvaturas vertebrais.

 Um dia adoeci profundamente. 
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente 
Que não desfez os laços quase rotos.

 - Que vamos nós (diziam) lá fazer? 
Se ele está cego, não nos pode ver… 
Que cento e nove impávidos marotos!

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