sábado, 3 de outubro de 2015

A Primavera de Botticelli


- Florença, Itália, final de tarde. Uma fila enorme de turistas aguarda a sua vez para visitar a Galleria Degli Uffizi. Falta escassa hora e meia para fecharem ao público e eu anseio por entrar... 
Em suma, entro naquele mundo fantástico e viajo, de sala em sala, como se revisse, nas obras de arte, velhos amigos meus. Até que chego à sala de Botticelli... - Levanta-se da cadeira e, de forma teatral, abre os braços em toda a amplitude - e vejo-a. Ali está ela, à minha frente, imponente em tamanho e em beleza... A Primavera!
- A Primavera? - questionaram as duas amigas, incrédulas.
Ele sorri, reconhecendo que as baralhou um pouco.
- Sim, um dos quadros mais belos que já tive ocasião de ver. De repente, sinto-me a caminhar ao encontro de Vénus mas, quando estou quase a tocar-lhe, sou envolvido pelas Três Graças que dançam em redor de mim e não me consigo libertar do seu cerco. Mercúrio empunha o seu sabre na minha direcção, enquanto Amor, filho de Vénus, se prepara para me lançar uma das suas setas. Esta experiência terrível durou alguns segundos. Não sei como descrever o terror que senti! Estava prestes a gritar por socorro mas, simultaneamente, havia em mim um desejo profundo de prolongar aquela situação única... poder estar dentro de um quadro de Botticelli. Até sentia o perfume das laranjas nas árvores! Ainda hoje sinto o perfume daquelas laranjas...Quando terminou essa experiência, o meu corpo tremia, os meus joelhos fraquejavam e foi com o auxílio dos meus amigos que consegui fazer o caminho de regresso ao hotel. Uf!

Um comentário: